quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Preciosos Diamantes - A Influência da Mídia na Contemporaneidade

As mídias sociais estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. A todo momento e em qualquer rede, é possível vislumbrar postagens de todos os tipos que são feitas por milhares de pessoas conectadas as redes virtuais. São centenas de fotos, vídeos, textos e diversos outros tipos de conteúdo que são compartilhados de modo instantâneo e massivo. Segundo uma matéria publicada no Jornal Hoje, em março do ano passado, o Brasil já ultrapassa 100 milhões de usuários nas redes sociais, entre os quais merecem destaque o Facebook e o Twitter. Se antes as pessoas não tinham espaço nas grandes mídias, hoje é possível gerar conteúdo com grande facilidade. Neste sentido houve um grande avanço a favor da democracia. As pessoas não se contentam apenas em receber informação de forma passiva, a internet trouxe voz à maioria, que se expressa e interage por meio das redes sociais. O Estado, os governos as empresas e as instituições sabem que devem se adaptar a essa nova tecnologia, tornando assim a informação cada vez mais fácil e acessível.

Fica claro que a internet veio para democratizar, porém por vezes, nos deparamos com o uso inexperiente dessa ferramenta, com muitos comentários que causam repercussão, não por suas bases politizadas e conceituadas, mas pelo seu uso ainda imaturo, sem embasamento sólido e fonte de informação suficientemente confiável para formar opinião, oriunda e influenciada principalmente pela manipuladora mídia televisiva. 

Alguns dos principais assuntos que tem causado grandes repercussões dentro e fora das mídias vem demonstrando o quanto alguns segmentos da sociedade brasileira são preconceituosos, xenófobos e racistas. As redes sociais se tornou o ambiente central de disseminação da violência e do ódio. A tão falada "liberdade de expressão', que as redes sociais proporcionam,- "protegidos pela falsa sensação do "anonimato", alguns brasileiros se acham imbatíveis e donos da verdade -  é utilizada para exposição de pensamentos e condutas nocivas ao bom convívio humano, com agressões não só morais mas também físicas.

Todos esses acontecimentos representam a necessidade de repensarmos a nossa sociedade e nossas condutas para com o próximo; representam ainda a oportunidade de unirmos nossas direções em prol da vontade coletiva, digna e justa. Se as redes sociais servem para comentários sensacionalistas e antidemocráticos, que ao menos sirvam de porta de entrada para que pessoas realmente interessadas no assunto, possam ir em busca mudanças sociais que de fato vão ir além de comentários perfunctórios de pessoas que não possuem sequer interesse nos assuntos em pauta, as quais o mais substancial é o número de "curtidas" ou  "likes" que ela irá receber.

Priscila Nastroyanne - Estudante de Jornalismo

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Falando de Marketing...

Evidentemente que, as notícias estão permeadas de intenções mercadológicas, e cada vez mais as estratégias de Marketing têm sido utilizadas nos meios de comunicação em massa. A intenção do Jornalista é informar, enquanto o Marketing tem por objetivo comercializar ideias, convencer que é preciso comprar um determinado produto ou serviço, o que acaba confundindo e transformando o desejo de compra em uma necessidade permanente e insaciável no consumidor.

Pesquisas a respeito do marketing desde as décadas de 60 vem mostrando a necessidade que envolve o meio principal a qual o jornalista atua (jornais/revistas/tv/rádio e internet), com a informação criamos formadores de opinião na atual Midia Mass, o marketing por sua vez, interfere não somente no modo como essa informação é passada, mas também para quem será passada (público alvo), por onde será passada (PDV) e nas necessidades que se dão como necessárias para um determinado grupo. Vale citar aqui, o grande destaque que se deu ao estudo de Abraham Maslow, onde segundo ele, as necessidades se manisfestam em graus de importância para cada indivíduo, começando pelas necessidades fisiológicas, que se encontram como base e que são necessárias para se subir a pirâmide. O marketing por sua vez, tenta explorar por meio da informação, seja através de produtos, imagens ou textos. Citamos um exemplo na área do Jornalismo Político, suponhamos que seja preciso promover determinada pessoa ou partido para uma campanha política, o próprio jornalista pode ter uma opinião oposta a sua publicada, porém se faz necessário - dependendo do meio a qual ele está inserido - tomar uma posição tendenciosa a favor da mídia, promovendo assim uma realidade indiscutível (se contarmos é claro o papel que essa mídia exerce sobre a massa), e retirando qualquer subjetividade de pensamento individual.

Tão importante quanto entender essa lógica, é tentar compreender o comportamento humano, que é influenciável e busca constantemente satisfazer suas necessidades e desejos. O jornalista através desse meio promove não somente a notícia, mas também a si mesmo, nunca se esquecendo da "essência" jornalistica que é a autenticidade dos fatos.


Priscila Nastroyanne - Estudante de Jornalismo

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Jacques Rancière: a democracia deles e a nossa


Num livro atualíssimo, filósofo francês sugere: o que está em crise não é o governo da multidão, mas a farsa que procura inviabilizá-lo

Recém-lançado no Brasil, O Ódio à Democracia, do filósofo francês Jacques Rancière, é um ensaio potente, pronto a ser lido de um fôlego só. Embora tenha sido publicado na França há quase dez anos, o livro nos é incrivelmente atual. Mais ainda: ele parece ter um tom quase profético quando olhamos para o Brasil de hoje.

Afinal de contas, estamos atolados em um pântano feito de manifestações fascistas que alentam a ideia de um novo golpe militar, de relatos incessantes de agressões físicas e intimidações nas redes sociais sobre quem não se alinha com essas pulsões (sobretudo eleitoralmente), de casos crescentes de crimes de ódio contra homossexuais, índios e outras minorias, da ideia cada vez mais consensual de que a política é ruim, temos mais é de nos contentar com o gerencialismo e assim por diante.

Rancière problematiza o que seria essa democracia sobre a qual tanto falamos, não raro perdida em meio a tantas confusões. Mas ele também fala sobre seus adversários: e eles não são apenas as manifestações de intolerância pontuais ou os projetos neo-autoritários, mas de um ponto quase sempre ignorado pelo pensamento político, que é o que há de autoritário no nosso próprio sistema político “normal”. O fascismo cotidiano e mascarado de cada dia. Na França, a máscara do poder na normalidade atende pelo nome de republicanismo.
E a obra acerta em cheio ao notar que a novidade da democracia, tal como ela nasceu em Atenas, não residia na instituição do voto ou do sufrágio, mas no fato dela ter tornado comum entre os cidadãos a participação política por meio de dois vetores essenciais: (1) a  distribuição dos eventuais cargos fixos por meio de sorteio; (2) a vinculação dos cidadãos pelos demos, divisões geográficas de Atenas, e não por vinculações hierárquicas.
O significado profundo do sorteio, que nos parece absurdamente chocante, é que se o eventual representante poderia ser escolhido assim, aleatoriamente, a democracia seria, pois, o governo do qualquer um. Se todas as outras formas efetivas de governo se fundavam em uma hierarquia determinada — de idade, de saber, de renda etc –, o advento democrático propunha que para “governar” não seria preciso ser o mais velho, o mais rico ou o (dito) mais sábio, mas sim fazer parte do corpo cidadão, na imanência de sua multiplicidade — isto é, em meio às suas diferenças, estranhamentos e até contradições.
A vinculação aos demos — e democracia, não custa lembrar, não signica “poder do povo”, mas sim o poder ou governo dos demos –, por outro lado, vinculou à territorialidade (de cada um na pólis) o índice organizacional da política, consistindo em uma suprema astúcia: a distribuição territorial, em si, não consistia em um índice hierarquizador: ao contrário, ele era perfeitamente horizontal naquele contexto.
Em contraponto à democracia, estaria, pois, a república. E segundo o autor, o republicanismo é, desde Platão, o inverso da democracia, o regime pelo qual a política volta a estar hierarquizada em um regime de competências. Isso perduraria até hoje na França. Ainda que tenha se oposto à monarquia e ao tradicionalismo da nobreza e da religião na França, ele foi uma forma de reintrodução do poder, só que de forma impessoal, anônima e sistemática.
É evidente que Rancière faria melhor caso se referisse a “positivismo” no lugar de republicanismo, ou reconhecesse que esse republicanismo “diferente do de Jules Ferry” — e sua ousadia emancipadora na pedagogia — é menos cria de Platão e mais de Auguste Comte — e que “República” em Platão é mais fruto de uma indecorosa tradução latina da famosa Politheia, a qual deu um caráter indevidamente conservador ao que foi tão potente e emancipador entre os romanos e mesmo para Maquiavel (embora Rancière comente ligeiramente isso).
De todo modo, a escolha do republicanismo como antagonista de democracia não se perde de um todo, pois (1) em seu uso nos círculos conservadores franceses é esse o texto da máscara do poder e do poder mascarado; (2) o positivismo, evidentemente, está situado no campo da filosofia tradicional e, entre ele e o platonismo, existe uma coincidência na ideia de que os comuns não devem governar, mas sim os aptos para mandar segundo um critério transcendental — e obviamente criado pelo próprio poder em sua auto-ordenação.
Enfatizar o caráter [estruturalmente] positivista do republicanismo francês, aliás, não é mero preciosismo: na verdade, isso ajuda a entender na proximidade entre o que o livro diz e a nossa realidade verde-amarela; a república brasileira nasce, por inspiração positivista, sem povo, calcada na ideia de um sistema impessoal, laico e destinado a ter uma igualdade abstrata como régua mestra.
Que problema teria tal ideia que nos  “ilumina” desde 1889? No nosso caso — no mesmo sentido do francês, só que de um jeito mais agressivo — essa igualdade de fundo sempre serviu para mascarar e manter as desigualdades de fato, pois ao exigir a plena igualdade jurídica [numa sociedade marcada pela concorrência e não pela colaboração] entre desiguais de fato, isso só poderia terminar na própria manutenção da desigualdade histórica, isto é, a diferença para pior.
No Brasil, pois, políticas sociais como as cotas causam escândalo público, pois invertem a matriz republicana-positivista na medida em que diferenciam a forma dos ingressos para gerar igualdade material. A igualdade quando deixa de ser ponto de partida para se tornar ponto de chegada implode o “republicanismo” e, por conseguinte, afirma a democracia. Isso é inadmissível por um costume conservador bem nosso.
Por tal razão, é comum em nosso meio que essas tentativas de democratização sejam desqualificadas, pois sempre expressam as intervenções políticas do qualquer um, ou em prol do qualquer um, no campo comum: por esse viés, não caberia a um metalúrgico querer ser presidente da república, um gari desejar feliz ano novo em rede nacional de televisão ou um casal homossexual se casar. É o juízo binário do é [a priori] igual\não-igual.
Isso pesa sobretudo em matéria de política, na qual trabalhadores, índios e pobres deveriam se deixar comandar pelos varões da república: eles não  seriam competentes formalmente. É claro, as condições históricas brasileiras, seu passado colonial e escravagista, tornam esse republicanismo pior, mas em termos conceituais não estamos falando de uma substância diferente da realidade na qual está o autor.
Dessa forma, para Rancière, tanto no Brasil quanto na França — bem como nisso que chamamos de “mundo livre” –, não temos um regime democrático. Porque a democracia estaria sempre além do Estado. Há um regime misto entre oligarquia e democracia, o qual é, contudo, fruto das próprias lutas que impedem o monopólio do mando pelo oligarcas — o que não é de um todo ruim: o que é mau, na verdade, seria se conformar com isso. Ainda assim, estamos diante do avanço do economicismo de mercado que, baseado no ilimitado poder da riqueza, o que abala hoje até mesmo essa construção precária da oligarquia matizada.
Assim, Rancière não faz concessão alguma para uma filosofia neo-niilista: no fim das contas, com razão, não é preciso discutir qualquer vazio que possa haver na dicotomia entre cidadania e os direitos humanos, pois um serve onde o outro não alcança; é o interesse prático, na luta, que determina a importância de qualquer um dos dois. Valorizemos a cidadania para os humanos excluídos dela e a humanidade dos cidadãos desumanizados!
E ainda que Rancière retome a democracia antiga quase como um ideal, ele não erra em última análise: mesmo que a democracia antiga seja menos avançada do que ele advoga, ao concebê-la como movimento, como tendência de ir além na busca de uma coexistência para melhor, encontramos, quem sabe, uma chave para entender melhor as sucessivas ressignificações do termo ao longo do tempo, incorporando mulheres, humanos, meio-ambiente etc etc.
Tudo isso faz de O Ódio à Democracia um pequeno grande livro. Enfim, um manifesto de amor incondicional à democracia, pois o autor a coloca como o que de melhor os humanos já produziram em matéria de política. E talvez  Rancière esteja mesmo certo a respeito disso.

Resenha de:
Rancière, Jacques. O Ódio à Democracia. São Paulo: Boitempo, 2014, 128 páginas
Hugo Albuquerque é advogado e autor do blog "O Descurvo".

segunda-feira, 24 de novembro de 2014


Entrevista coletiva com Laerte no Instituto Itaú Cultural, reuniu estudantes de Comunicação nesse sábado (22)

Depois de expor obras do Cartunista Laerte na 20ª edição do projeto Ocupação, que reuniu 2173 tiras, sendo 300 delas originais, com curadoria de Rafael Coutinho, filho de Laerte, e cenografia de Fred Teixeira, o Itaú Cultural recebeu novamente a artista para uma entrevista coletiva na Sala Vermelha do Instituto. O evento, organizado pela OBORÉ, aconteceu no dia 22 de Novembro (sábado) às 14 horas.

Laerte foi aluno da ECA (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) e teve grande importância na criação da imprensa universitária na década de 1970. 
Em sua coletiva para o projeto Repórter do Futuro, Laerte conversou com seu amigo, Jornalista e Diretor da OBORÉ, Sergio Gomes, e falou tanto sobre os seus 40 anos como cartunista que transformou o uso da imagem como linguagem que foi fundamental na comunicação entre sindicatos e operários - quando integrante da equipe que criou a OBORÉ -  até a mudança de estilo a partir de 2004 e o ativismo LGBT.

A entrevista contou ainda com estudantes de Jornalismo, Rádio e TV e Publicidade e Propaganda, que fizeram perguntas sobre sua carreira, militância, sua resistência à ditadura militar, liderança LGBT e seus projetos para o futuro.

"Um artista com talentos múltiplos e com uma história que vai além da militância e liderança LGBT que a juventude atual conhece. Todo o seu passado é ligado aos movimentos sociais e, mesmo depois de décadas, seus trabalhos continuam atuais." 

Ao final da coletiva, Laerte distribuiu autógrafos e posou para fotos com os estudantes. Confira alguns momentos da ocupação Laerte e de sua entrevista para o projeto Repórter do Futuro:

http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2014/09/21/ocupacao-laerte-itau-cultural---sao-paulo2014.htm?fotoNav=1#fotoNav=1




Por Priscila Nastroyanne - Estudante do 1º ano de Jornalismo

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A publicidade deve ser proibida para crianças?


Aproveitando que o assunto está em alta, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), causou surpresa em muitos dos participantes. Segundo as pesquisas apontam, a publicidade influência as crianças em até 80% das decisões,mais afinal, ela deve ou não ser proibida aos pequenos ? O tema gera polêmica e há controversas.

É claro que a publicidade se esforça ao máximo para vender toda a sorte de produtos as crianças, um projeto que está em votação na Câmara dos Deputados quer proibir a propaganda voltada para jovens de até 12 anos. Para os contrários à lei, a proibição é uma medida autoritária e inútil, afinal, a quem convém proibir a publicidade para as crianças ? 


Sim
As crianças não têm maturidade suficiente para se proteger da persuasão exercida pela publicidade, sendo facilmente seduzidas para o consumo. O Estado tem a obrigação de interferir para defender o público infantil dessa lavagem cerebral publicitária. Ainda mais quando esse estímulo é feito por meio de uma concessão pública, que é a televisão.
Os abusos da publicidade contribuem para a obesidade infantil. Pesquisas comprovam a relação entre os comerciais de alimentos e o sobrepeso infantil. Um estudo do National Bureau of Economic Research, nos EUA, mostrou que, se os anúncios de redes de fast food fossem eliminados, o número de crianças gordinhas seria quase 20% menor.
Com campanhas milionárias, repetidas à exaustão, a publicidade acaba anulando a autoridade dos pais, que ficam reféns das demandas consumistas criadas nos filhos. O resultado são crianças frustradas e em conflito com a figura paterna.
A necessidade de regulamentar a publicidade infantil é um consenso mundial. E a maioria dos países desenvolvidos já adotou legislações restritivas. Na Suécia, por exemplo, é vetado qualquer tipo de propaganda para crianças. Inglaterra, Alemanha, Espanha e Canadá também têm leis severas contra o oba-oba publicitário.
Não
Não se pode privar um jovem de informação, seja de que tipo for. Ele só terá maturidade se for educado para ter uma visão crítica sobre tudo com o que entra em contato, como uma propaganda. Nesse sentido, a solução para controlar o consumismo infantil é a educação, e não a restrição. Se o mal fosse a exposição de produtos, deveríamos proibir também as vitrines em lojas.
A obesidade não é causada pela propaganda, mas, sim, por uma série de fatores, desde socioculturais até genéticos. O que falta é uma boa educação alimentar. Não adianta impedir a publicidade de alimentos gordurosos se, em casa, a galera vê os pais enchendo a pança de frituras.
Em um sistema democrático, não pode ser delegado ao Estado o poder de decidir sobre os hábitos de consumo de um indivíduo. A conscientização de uma criança nasce da boa orientação passada pelos pais, e não de uma norma imposta por decreto.
Ninguém questiona que as propagandas abusivas devam ser controladas. A questão é que já há mecanismos eficientes para isso no Brasil. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem uma resolução que trata do cuidado com público infantil, e nosso Código de Defesa do Consumidor é um dos mais avançados do mundo.
E você compra qual ideia ?
Priscila Nastroyanne - Estudante de Jornalismo  (Fontes de pesquisa - Stalimir Vieira, especialista em publicidade infantil da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP))

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Indignação que o Bolsa Família desperta não se estende aos inúmeros “auxílios” destinados aos “homens públicos”

Hoje o Blog retoma um tema que motivou debates dos mais barulhentos na campanha presidencial: o Bolsa Família ou, mais especificamente, as críticas dirigidas a ele.
As acusações que classificam o programa de fábrica de dependentes e encostados e ainda de meio para se assegurar votos dos inscritos no BF, mereceram e merecem reflexões.
Mas o que mais chama atenção é que a indignação dos que atacam a iniciativa se limita ao  programa.
Benesses destinados aos homens públicos – deputados, senadores, prefeitos, vereadores e juízes – não motivam 1/10 da ira dirigida ao Bolsa Família.
São auxílios moradia, paletó, alimentação, verba de gabinete, verba indenizatória (passagens, gasolina), bolsa escola para os filhos (no caso de magistrados) que consomem milhões dos cofres públicos e reforça as cifras de salários já privilegiados.
Enfim, um rosário de penduricalhos salariais que contribui para engordar contas e fortalecer ainda mais as “castas” cujos sobrenomes abrem, há séculos, as portas do poder.
Pois bem. Nesse tempo em que o BF serviu combustível para incendiar debates sobre abusos, benesses e estímulo à vagabundagem não se viu ou se ouviu um pio contra essa rede de benefícios que enche os bolsos do que ocupam o poder público.
Volto ao assunto porque por onde passei durante esse período em que estive de recesso, ouvi, por inúmeras vezes, que o Bolsa foi o “grande culpado” pela  vitória de Dilma ao mesmo tempo faz com que ninguém queira mais trabalhar.
E esse tipo de comentário partiu de gente que está longe de ocupar o topo da cadeia econômica. Trata-se de apenas remediados que agora, veja que tristeza, não conseguem arrumar uma “moça” (empregada doméstica) ou alguém para derrubar uma roça.
Não se sabe como os muitos milhões gastos mensalmente com a infindável lista de agrados destinados aos políticos impacta na economia, além de garantir facilidades e “felicidades” aos ávidos beneficiários.
Já o Bolsa Família, além de livrar milhões da fome, faz a roda da economia girar, como mostra matéria de 2013 do Valor, abaixo:

Ipea: cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB

Dito isso, vale destacar que o Blog torce para que esse debate e prossiga e, principalmente, que a indignação dirigida ao BF se estenda à teia de auxílios instituída nas casas legistativas, Executivo e Judiciário.
Quem sabe, um dia, os excessos assegurados aos políticos com o suor do contribuinte motivem protestos e entrem na pauta das campanhas.

Josué Nogueira – Graduado em jornalismo e pós graduado em História Contemporânea

terça-feira, 28 de outubro de 2014



Desconstruir a intolerância


Infelizmente a campanha eleitoral demonstrou uma carga grande de desinformação da parte dos veículos da imprensa tradicional. A distorção dos eventos não se resumiu ao período eleitoral, mas também acabou criando uma ilusão a partir da contabilização dos votos, a qual tem sido compartilhada pelos milhões de “experts” das redes sociais. Trata-se da noção de que o Brasil teria sido dividido em duas partes simétricas, pelo número de votos dados aos dois candidatos à presidência. Assim sendo uma série de analistas correram a divulgar números que acabaram servindo de combustível para aumentar as citações repletas de ódio de alguns que não compreendem o que é o jogo democrático.
O blog de Thomas Conti faz um importante trabalho de pesquisa, mostrando como essa pseudo-divisão não é tão clara e maniqueísta como os analistas da imprensa hegemônica procuram passar.
Vale a pena conferir como o Brasil é muito mais multifacetado do que o senso comum acredita.
E assim vamos tentar diminuir o ódio e entender a importância da decisão soberana do povo.  

Renato Marques  - Coordenador pedagógico e professor de Geografia e Atualidades