quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Jacques Rancière: a democracia deles e a nossa


Num livro atualíssimo, filósofo francês sugere: o que está em crise não é o governo da multidão, mas a farsa que procura inviabilizá-lo

Recém-lançado no Brasil, O Ódio à Democracia, do filósofo francês Jacques Rancière, é um ensaio potente, pronto a ser lido de um fôlego só. Embora tenha sido publicado na França há quase dez anos, o livro nos é incrivelmente atual. Mais ainda: ele parece ter um tom quase profético quando olhamos para o Brasil de hoje.

Afinal de contas, estamos atolados em um pântano feito de manifestações fascistas que alentam a ideia de um novo golpe militar, de relatos incessantes de agressões físicas e intimidações nas redes sociais sobre quem não se alinha com essas pulsões (sobretudo eleitoralmente), de casos crescentes de crimes de ódio contra homossexuais, índios e outras minorias, da ideia cada vez mais consensual de que a política é ruim, temos mais é de nos contentar com o gerencialismo e assim por diante.

Rancière problematiza o que seria essa democracia sobre a qual tanto falamos, não raro perdida em meio a tantas confusões. Mas ele também fala sobre seus adversários: e eles não são apenas as manifestações de intolerância pontuais ou os projetos neo-autoritários, mas de um ponto quase sempre ignorado pelo pensamento político, que é o que há de autoritário no nosso próprio sistema político “normal”. O fascismo cotidiano e mascarado de cada dia. Na França, a máscara do poder na normalidade atende pelo nome de republicanismo.
E a obra acerta em cheio ao notar que a novidade da democracia, tal como ela nasceu em Atenas, não residia na instituição do voto ou do sufrágio, mas no fato dela ter tornado comum entre os cidadãos a participação política por meio de dois vetores essenciais: (1) a  distribuição dos eventuais cargos fixos por meio de sorteio; (2) a vinculação dos cidadãos pelos demos, divisões geográficas de Atenas, e não por vinculações hierárquicas.
O significado profundo do sorteio, que nos parece absurdamente chocante, é que se o eventual representante poderia ser escolhido assim, aleatoriamente, a democracia seria, pois, o governo do qualquer um. Se todas as outras formas efetivas de governo se fundavam em uma hierarquia determinada — de idade, de saber, de renda etc –, o advento democrático propunha que para “governar” não seria preciso ser o mais velho, o mais rico ou o (dito) mais sábio, mas sim fazer parte do corpo cidadão, na imanência de sua multiplicidade — isto é, em meio às suas diferenças, estranhamentos e até contradições.
A vinculação aos demos — e democracia, não custa lembrar, não signica “poder do povo”, mas sim o poder ou governo dos demos –, por outro lado, vinculou à territorialidade (de cada um na pólis) o índice organizacional da política, consistindo em uma suprema astúcia: a distribuição territorial, em si, não consistia em um índice hierarquizador: ao contrário, ele era perfeitamente horizontal naquele contexto.
Em contraponto à democracia, estaria, pois, a república. E segundo o autor, o republicanismo é, desde Platão, o inverso da democracia, o regime pelo qual a política volta a estar hierarquizada em um regime de competências. Isso perduraria até hoje na França. Ainda que tenha se oposto à monarquia e ao tradicionalismo da nobreza e da religião na França, ele foi uma forma de reintrodução do poder, só que de forma impessoal, anônima e sistemática.
É evidente que Rancière faria melhor caso se referisse a “positivismo” no lugar de republicanismo, ou reconhecesse que esse republicanismo “diferente do de Jules Ferry” — e sua ousadia emancipadora na pedagogia — é menos cria de Platão e mais de Auguste Comte — e que “República” em Platão é mais fruto de uma indecorosa tradução latina da famosa Politheia, a qual deu um caráter indevidamente conservador ao que foi tão potente e emancipador entre os romanos e mesmo para Maquiavel (embora Rancière comente ligeiramente isso).
De todo modo, a escolha do republicanismo como antagonista de democracia não se perde de um todo, pois (1) em seu uso nos círculos conservadores franceses é esse o texto da máscara do poder e do poder mascarado; (2) o positivismo, evidentemente, está situado no campo da filosofia tradicional e, entre ele e o platonismo, existe uma coincidência na ideia de que os comuns não devem governar, mas sim os aptos para mandar segundo um critério transcendental — e obviamente criado pelo próprio poder em sua auto-ordenação.
Enfatizar o caráter [estruturalmente] positivista do republicanismo francês, aliás, não é mero preciosismo: na verdade, isso ajuda a entender na proximidade entre o que o livro diz e a nossa realidade verde-amarela; a república brasileira nasce, por inspiração positivista, sem povo, calcada na ideia de um sistema impessoal, laico e destinado a ter uma igualdade abstrata como régua mestra.
Que problema teria tal ideia que nos  “ilumina” desde 1889? No nosso caso — no mesmo sentido do francês, só que de um jeito mais agressivo — essa igualdade de fundo sempre serviu para mascarar e manter as desigualdades de fato, pois ao exigir a plena igualdade jurídica [numa sociedade marcada pela concorrência e não pela colaboração] entre desiguais de fato, isso só poderia terminar na própria manutenção da desigualdade histórica, isto é, a diferença para pior.
No Brasil, pois, políticas sociais como as cotas causam escândalo público, pois invertem a matriz republicana-positivista na medida em que diferenciam a forma dos ingressos para gerar igualdade material. A igualdade quando deixa de ser ponto de partida para se tornar ponto de chegada implode o “republicanismo” e, por conseguinte, afirma a democracia. Isso é inadmissível por um costume conservador bem nosso.
Por tal razão, é comum em nosso meio que essas tentativas de democratização sejam desqualificadas, pois sempre expressam as intervenções políticas do qualquer um, ou em prol do qualquer um, no campo comum: por esse viés, não caberia a um metalúrgico querer ser presidente da república, um gari desejar feliz ano novo em rede nacional de televisão ou um casal homossexual se casar. É o juízo binário do é [a priori] igual\não-igual.
Isso pesa sobretudo em matéria de política, na qual trabalhadores, índios e pobres deveriam se deixar comandar pelos varões da república: eles não  seriam competentes formalmente. É claro, as condições históricas brasileiras, seu passado colonial e escravagista, tornam esse republicanismo pior, mas em termos conceituais não estamos falando de uma substância diferente da realidade na qual está o autor.
Dessa forma, para Rancière, tanto no Brasil quanto na França — bem como nisso que chamamos de “mundo livre” –, não temos um regime democrático. Porque a democracia estaria sempre além do Estado. Há um regime misto entre oligarquia e democracia, o qual é, contudo, fruto das próprias lutas que impedem o monopólio do mando pelo oligarcas — o que não é de um todo ruim: o que é mau, na verdade, seria se conformar com isso. Ainda assim, estamos diante do avanço do economicismo de mercado que, baseado no ilimitado poder da riqueza, o que abala hoje até mesmo essa construção precária da oligarquia matizada.
Assim, Rancière não faz concessão alguma para uma filosofia neo-niilista: no fim das contas, com razão, não é preciso discutir qualquer vazio que possa haver na dicotomia entre cidadania e os direitos humanos, pois um serve onde o outro não alcança; é o interesse prático, na luta, que determina a importância de qualquer um dos dois. Valorizemos a cidadania para os humanos excluídos dela e a humanidade dos cidadãos desumanizados!
E ainda que Rancière retome a democracia antiga quase como um ideal, ele não erra em última análise: mesmo que a democracia antiga seja menos avançada do que ele advoga, ao concebê-la como movimento, como tendência de ir além na busca de uma coexistência para melhor, encontramos, quem sabe, uma chave para entender melhor as sucessivas ressignificações do termo ao longo do tempo, incorporando mulheres, humanos, meio-ambiente etc etc.
Tudo isso faz de O Ódio à Democracia um pequeno grande livro. Enfim, um manifesto de amor incondicional à democracia, pois o autor a coloca como o que de melhor os humanos já produziram em matéria de política. E talvez  Rancière esteja mesmo certo a respeito disso.

Resenha de:
Rancière, Jacques. O Ódio à Democracia. São Paulo: Boitempo, 2014, 128 páginas
Hugo Albuquerque é advogado e autor do blog "O Descurvo".

segunda-feira, 24 de novembro de 2014


Entrevista coletiva com Laerte no Instituto Itaú Cultural, reuniu estudantes de Comunicação nesse sábado (22)

Depois de expor obras do Cartunista Laerte na 20ª edição do projeto Ocupação, que reuniu 2173 tiras, sendo 300 delas originais, com curadoria de Rafael Coutinho, filho de Laerte, e cenografia de Fred Teixeira, o Itaú Cultural recebeu novamente a artista para uma entrevista coletiva na Sala Vermelha do Instituto. O evento, organizado pela OBORÉ, aconteceu no dia 22 de Novembro (sábado) às 14 horas.

Laerte foi aluno da ECA (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) e teve grande importância na criação da imprensa universitária na década de 1970. 
Em sua coletiva para o projeto Repórter do Futuro, Laerte conversou com seu amigo, Jornalista e Diretor da OBORÉ, Sergio Gomes, e falou tanto sobre os seus 40 anos como cartunista que transformou o uso da imagem como linguagem que foi fundamental na comunicação entre sindicatos e operários - quando integrante da equipe que criou a OBORÉ -  até a mudança de estilo a partir de 2004 e o ativismo LGBT.

A entrevista contou ainda com estudantes de Jornalismo, Rádio e TV e Publicidade e Propaganda, que fizeram perguntas sobre sua carreira, militância, sua resistência à ditadura militar, liderança LGBT e seus projetos para o futuro.

"Um artista com talentos múltiplos e com uma história que vai além da militância e liderança LGBT que a juventude atual conhece. Todo o seu passado é ligado aos movimentos sociais e, mesmo depois de décadas, seus trabalhos continuam atuais." 

Ao final da coletiva, Laerte distribuiu autógrafos e posou para fotos com os estudantes. Confira alguns momentos da ocupação Laerte e de sua entrevista para o projeto Repórter do Futuro:

http://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2014/09/21/ocupacao-laerte-itau-cultural---sao-paulo2014.htm?fotoNav=1#fotoNav=1




Por Priscila Nastroyanne - Estudante do 1º ano de Jornalismo

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A publicidade deve ser proibida para crianças?


Aproveitando que o assunto está em alta, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), causou surpresa em muitos dos participantes. Segundo as pesquisas apontam, a publicidade influência as crianças em até 80% das decisões,mais afinal, ela deve ou não ser proibida aos pequenos ? O tema gera polêmica e há controversas.

É claro que a publicidade se esforça ao máximo para vender toda a sorte de produtos as crianças, um projeto que está em votação na Câmara dos Deputados quer proibir a propaganda voltada para jovens de até 12 anos. Para os contrários à lei, a proibição é uma medida autoritária e inútil, afinal, a quem convém proibir a publicidade para as crianças ? 


Sim
As crianças não têm maturidade suficiente para se proteger da persuasão exercida pela publicidade, sendo facilmente seduzidas para o consumo. O Estado tem a obrigação de interferir para defender o público infantil dessa lavagem cerebral publicitária. Ainda mais quando esse estímulo é feito por meio de uma concessão pública, que é a televisão.
Os abusos da publicidade contribuem para a obesidade infantil. Pesquisas comprovam a relação entre os comerciais de alimentos e o sobrepeso infantil. Um estudo do National Bureau of Economic Research, nos EUA, mostrou que, se os anúncios de redes de fast food fossem eliminados, o número de crianças gordinhas seria quase 20% menor.
Com campanhas milionárias, repetidas à exaustão, a publicidade acaba anulando a autoridade dos pais, que ficam reféns das demandas consumistas criadas nos filhos. O resultado são crianças frustradas e em conflito com a figura paterna.
A necessidade de regulamentar a publicidade infantil é um consenso mundial. E a maioria dos países desenvolvidos já adotou legislações restritivas. Na Suécia, por exemplo, é vetado qualquer tipo de propaganda para crianças. Inglaterra, Alemanha, Espanha e Canadá também têm leis severas contra o oba-oba publicitário.
Não
Não se pode privar um jovem de informação, seja de que tipo for. Ele só terá maturidade se for educado para ter uma visão crítica sobre tudo com o que entra em contato, como uma propaganda. Nesse sentido, a solução para controlar o consumismo infantil é a educação, e não a restrição. Se o mal fosse a exposição de produtos, deveríamos proibir também as vitrines em lojas.
A obesidade não é causada pela propaganda, mas, sim, por uma série de fatores, desde socioculturais até genéticos. O que falta é uma boa educação alimentar. Não adianta impedir a publicidade de alimentos gordurosos se, em casa, a galera vê os pais enchendo a pança de frituras.
Em um sistema democrático, não pode ser delegado ao Estado o poder de decidir sobre os hábitos de consumo de um indivíduo. A conscientização de uma criança nasce da boa orientação passada pelos pais, e não de uma norma imposta por decreto.
Ninguém questiona que as propagandas abusivas devam ser controladas. A questão é que já há mecanismos eficientes para isso no Brasil. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem uma resolução que trata do cuidado com público infantil, e nosso Código de Defesa do Consumidor é um dos mais avançados do mundo.
E você compra qual ideia ?
Priscila Nastroyanne - Estudante de Jornalismo  (Fontes de pesquisa - Stalimir Vieira, especialista em publicidade infantil da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP))

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Indignação que o Bolsa Família desperta não se estende aos inúmeros “auxílios” destinados aos “homens públicos”

Hoje o Blog retoma um tema que motivou debates dos mais barulhentos na campanha presidencial: o Bolsa Família ou, mais especificamente, as críticas dirigidas a ele.
As acusações que classificam o programa de fábrica de dependentes e encostados e ainda de meio para se assegurar votos dos inscritos no BF, mereceram e merecem reflexões.
Mas o que mais chama atenção é que a indignação dos que atacam a iniciativa se limita ao  programa.
Benesses destinados aos homens públicos – deputados, senadores, prefeitos, vereadores e juízes – não motivam 1/10 da ira dirigida ao Bolsa Família.
São auxílios moradia, paletó, alimentação, verba de gabinete, verba indenizatória (passagens, gasolina), bolsa escola para os filhos (no caso de magistrados) que consomem milhões dos cofres públicos e reforça as cifras de salários já privilegiados.
Enfim, um rosário de penduricalhos salariais que contribui para engordar contas e fortalecer ainda mais as “castas” cujos sobrenomes abrem, há séculos, as portas do poder.
Pois bem. Nesse tempo em que o BF serviu combustível para incendiar debates sobre abusos, benesses e estímulo à vagabundagem não se viu ou se ouviu um pio contra essa rede de benefícios que enche os bolsos do que ocupam o poder público.
Volto ao assunto porque por onde passei durante esse período em que estive de recesso, ouvi, por inúmeras vezes, que o Bolsa foi o “grande culpado” pela  vitória de Dilma ao mesmo tempo faz com que ninguém queira mais trabalhar.
E esse tipo de comentário partiu de gente que está longe de ocupar o topo da cadeia econômica. Trata-se de apenas remediados que agora, veja que tristeza, não conseguem arrumar uma “moça” (empregada doméstica) ou alguém para derrubar uma roça.
Não se sabe como os muitos milhões gastos mensalmente com a infindável lista de agrados destinados aos políticos impacta na economia, além de garantir facilidades e “felicidades” aos ávidos beneficiários.
Já o Bolsa Família, além de livrar milhões da fome, faz a roda da economia girar, como mostra matéria de 2013 do Valor, abaixo:

Ipea: cada R$ 1 gasto com Bolsa Família adiciona R$ 1,78 ao PIB

Dito isso, vale destacar que o Blog torce para que esse debate e prossiga e, principalmente, que a indignação dirigida ao BF se estenda à teia de auxílios instituída nas casas legistativas, Executivo e Judiciário.
Quem sabe, um dia, os excessos assegurados aos políticos com o suor do contribuinte motivem protestos e entrem na pauta das campanhas.

Josué Nogueira – Graduado em jornalismo e pós graduado em História Contemporânea

terça-feira, 28 de outubro de 2014



Desconstruir a intolerância


Infelizmente a campanha eleitoral demonstrou uma carga grande de desinformação da parte dos veículos da imprensa tradicional. A distorção dos eventos não se resumiu ao período eleitoral, mas também acabou criando uma ilusão a partir da contabilização dos votos, a qual tem sido compartilhada pelos milhões de “experts” das redes sociais. Trata-se da noção de que o Brasil teria sido dividido em duas partes simétricas, pelo número de votos dados aos dois candidatos à presidência. Assim sendo uma série de analistas correram a divulgar números que acabaram servindo de combustível para aumentar as citações repletas de ódio de alguns que não compreendem o que é o jogo democrático.
O blog de Thomas Conti faz um importante trabalho de pesquisa, mostrando como essa pseudo-divisão não é tão clara e maniqueísta como os analistas da imprensa hegemônica procuram passar.
Vale a pena conferir como o Brasil é muito mais multifacetado do que o senso comum acredita.
E assim vamos tentar diminuir o ódio e entender a importância da decisão soberana do povo.  

Renato Marques  - Coordenador pedagógico e professor de Geografia e Atualidades

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Inteligente Vestibulares promove debate sobre filme obrigatório na prova da Cásper


Camilo Tavares, diretor de O Dia que Durou 21 Anos, foi o convidado especial da palestra que falou sobre a ditadura militar no Brasil.




Na terça-feira, dia 14, o Inteligente Vestibulares promoveu um debate sobre o filme O dia que Durou 21 Anos. A obra trata da participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 no Brasil e é obrigatória para o vestibular da Faculdade Cásper Líbero. O objetivo principal da proposta é que os estudantes tenham contato com a análise crítica do filme e entendam o que foi o período da ditadura dentro do contexto em que aconteceu.
Para trazer ainda mais informações a eles, o diretor do documentário, Camilo Tavares, foi o convidado especial para o evento, assim como Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, e Sérgio Gomes, diretor da OBORÉ.
O encontro reuniu 82 estudantes, entre inscritos e matriculados no cursinho, e foi dividido em três momentos: exibição do filme, palestra com os convidados e um tempo aberto para os alunos fazerem perguntas e esclarecem suas dúvidas.

Palestras com conteúdo e estímulo

Ivo Herzog foi quem deu início à segunda parte do cronograma e ressaltou, diversas vezes, a importância dos alunos estudarem a história brasileira, pois, na opinião dele “nós somos um país que não tem memória e que não gosta da memória”. Uma das consequências disso é a valorização de pessoas que não contribuem com o desenvolvimento do país, como ele exemplificou: "Para vir pra cá, eu passei pelo minhocão que se chama, na realidade, Viaduto Costa e Silva. Vocês não têm dúvida de que é para ficar longe desse Costa e Silva, né?!", brincou. Segundo ele, isso acontece justamente “por não conhecermos a história". "A gente confunde quem são os protagonistas dela, quem são os exemplos para gente seguir e quem não são”, disse.
O voto é outro fator no qual a falta de conhecimento dos fatos históricos implica. Ivo aproveitou o período atual das eleições sobre a difícil decisão de saber em quem votar: “É importante você conhecer a história para saber quem são essas pessoas [que irão representar a população] e quais são os movimentos políticos que aconteceram aqui no Brasil e que se aliam aos nossos valores”.
Camilo Tavares, por sua vez, concluiu a fala de Ivo com uma frase: “História não é aquilo que passa, é aquilo que fica do que passou”. Ele conversou com os alunos sobre a produção do documentário, os bastidores das filmagens e também respondeu a algumas dúvidas dos alunos sobre o período ditatorial.
O cineasta explicou que o filme foi o resultado de uma busca para entender o passado e que as pesquisas demoraram cerca de cinco anos para serem concluídas. Segundo ele, só foi possível ter acesso a certos documentos, que são exclusivos da sua produção, por causa de uma lei americana chamada FreedomOfInformationAct, FOIA. Em suma, ela disponibiliza as bibliotecas dos presidentes americanos a qualquer pessoa interessada neles.
Ele também comentou que, inicialmente, sua ideia era contar a história do pai, Flávio Tavares. Na época, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi sequestrado por grupos armados e, em troca de sua libertação, 15 presos políticos foram resgatados. Flávio era um deles. Porém, depois de saber sobre o envolvimento da grande potência americana, ele se interessou pelo assunto e mudou o foco de sua produção.
Diante de uma plateia formada por futuros comunicadores, Camilo falou sobre o papel da mídia no período ditatorial, que estava dividida naquela época. Enquanto alguns veículos apoiavam o golpe, outros, no entanto, manifestavam sua oposição. “Se você pegasse um fato em dois jornais, você iria vê-lo representado de duas maneiras completamente diferentes”.
Sérgio Gomes também conversou com os alunos e falou, principalmente, sobre as novas tecnologias, como as redes sociais, que permitem que eles exerçam o jornalismo antes mesmo de cursarem a faculdade. “Vocês já são jornalistas amadores”, afirmou. O diretor da OBORÉ ainda estimulou os alunos, dizendo: “Vocês não são o que vocês fazem hoje, vocês são o que vocês fazem hoje mais o que vocês querem [fazer]. Qual é o tamanho do desafio que você se coloca?”.
Na opinião dele, o filme ao qual os alunos assistiram é tão importante que deveria ser entregue “a todo cidadão, quando fosse tirar o título eleitoral, por exemplo”. “Esse filme que a gente acabou de ver é um documento histórico, é a recuperação de documentos históricos, é uma grande reportagem”, garantiu.
No final, ele deu uma dica aos estudantes e aspirantes a jornalistas: “Todos os dias, [vocês] têm que escrever 40 linhas, nem que seja uma carta para a mãe. Mas todos os dias tem que escrever 40 linhas tirar uma foto e etc e contar para os outros o que pode ser atual, relevante e de interesse público”, pontos básicos para uma matéria jornalística.



Nicole Fusco
2ºAno de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero
Ex-aluna do Curso Extensivo 2012


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Olá! Sejam bem-vindos!

Nós somos o Inteligente Vestibulares, especializado em carreiras de comunicação e preparatório para o vestibular da Faculdade Cásper Líbero. Contamos com um índice de aprovação de 81% em vestibulares de comunicação, e é por isso que, pensando cada vez mais em nossos alunos, resolvemos criar este BLOG, chamado Inteligente na Rede, para abrir um espaço para que eles possam expressar suas ideias por meio de textos de diversos gêneros, visando também oferecer um meio a mais para que possam treinar a redação para o vestibular 2015. Ainda, disponibilizaremos aqui dicas de nossos professores para o vestibular e fotos e vídeos de experiências diversas vividas por nossos alunos!



E aí, vamos nessa?