Inteligente Vestibulares promove debate sobre filme obrigatório na prova da Cásper
Camilo Tavares, diretor de O Dia que Durou 21 Anos, foi o convidado especial da palestra que falou sobre a ditadura militar no Brasil.
Na terça-feira, dia 14, o Inteligente Vestibulares promoveu um debate
sobre o filme O dia que Durou 21 Anos. A obra
trata da participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 no Brasil e é
obrigatória para o vestibular da Faculdade Cásper Líbero. O objetivo principal
da proposta é que os estudantes tenham contato com a análise crítica
do filme e entendam o que foi o período da ditadura dentro do contexto em que
aconteceu.
Para trazer ainda mais informações a eles, o diretor do documentário,
Camilo Tavares, foi o convidado especial para o evento, assim como Ivo Herzog,
filho do jornalista Vladimir Herzog, e Sérgio Gomes, diretor da OBORÉ.
Palestras com conteúdo e estímulo
Ivo Herzog foi quem deu início à segunda parte do cronograma e
ressaltou, diversas vezes, a importância dos alunos estudarem a história brasileira,
pois, na opinião dele “nós somos um país que não tem memória e que não gosta da
memória”. Uma das consequências disso é a valorização de pessoas que não
contribuem com o desenvolvimento do país, como ele exemplificou:
"Para vir pra cá, eu passei pelo minhocão que se chama, na realidade,
Viaduto Costa e Silva. Vocês não têm dúvida de que é para ficar longe desse
Costa e Silva, né?!", brincou. Segundo ele, isso acontece
justamente “por não conhecermos a história". "A gente confunde
quem são os protagonistas dela, quem são os exemplos para gente seguir e quem
não são”, disse.
O voto é outro fator no qual a falta de conhecimento dos fatos
históricos implica. Ivo aproveitou o período atual das eleições sobre
a difícil decisão de saber em quem votar: “É importante você conhecer
a história para saber quem são essas pessoas [que irão representar a população]
e quais são os movimentos políticos que aconteceram aqui no Brasil e que se
aliam aos nossos valores”.
Camilo Tavares, por sua vez, concluiu a fala de Ivo com uma frase:
“História não é aquilo que passa, é aquilo que fica do que passou”. Ele
conversou com os alunos sobre a produção do documentário, os bastidores das
filmagens e também respondeu a algumas dúvidas dos alunos sobre o período
ditatorial.
O cineasta explicou que o filme foi o resultado de uma busca para
entender o passado e que as pesquisas demoraram cerca de cinco anos para serem
concluídas. Segundo ele, só foi possível ter acesso a certos documentos, que
são exclusivos da sua produção, por causa de uma lei americana chamada FreedomOfInformationAct, FOIA. Em suma, ela
disponibiliza as bibliotecas dos presidentes americanos a qualquer pessoa
interessada neles.
Ele também comentou que, inicialmente, sua ideia era contar a história
do pai, Flávio Tavares. Na época, o então embaixador dos Estados Unidos no
Brasil, Charles Burke Elbrick, foi sequestrado por grupos armados e, em troca
de sua libertação, 15 presos políticos foram resgatados. Flávio era um deles.
Porém, depois de saber sobre o envolvimento da grande potência americana, ele
se interessou pelo assunto e mudou o foco de sua produção.
Diante de uma plateia formada por futuros comunicadores, Camilo falou
sobre o papel da mídia no período ditatorial, que estava dividida naquela
época. Enquanto alguns veículos apoiavam o golpe, outros, no entanto,
manifestavam sua oposição. “Se você pegasse um fato em dois jornais, você iria
vê-lo representado de duas maneiras completamente diferentes”.
Sérgio Gomes também conversou com os alunos e falou, principalmente,
sobre as novas tecnologias, como as redes sociais, que permitem que eles
exerçam o jornalismo antes mesmo de cursarem a faculdade. “Vocês já são
jornalistas amadores”, afirmou. O diretor da OBORÉ ainda estimulou os
alunos, dizendo: “Vocês não são o que vocês fazem hoje, vocês são o que vocês
fazem hoje mais o que vocês querem [fazer]. Qual é o tamanho do desafio que
você se coloca?”.
Na opinião dele, o filme ao qual os alunos assistiram é tão importante
que deveria ser entregue “a todo cidadão, quando fosse tirar o título
eleitoral, por exemplo”. “Esse filme que a gente acabou de ver é um documento
histórico, é a recuperação de documentos históricos, é uma grande reportagem”,
garantiu.
No final, ele deu uma dica aos estudantes e aspirantes a jornalistas:
“Todos os dias, [vocês] têm que escrever 40 linhas, nem que seja uma carta para
a mãe. Mas todos os dias tem que escrever 40 linhas tirar uma foto e etc e
contar para os outros o que pode ser atual, relevante e de interesse público”,
pontos básicos para uma matéria jornalística.
Nicole Fusco
2ºAno de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero
Ex-aluna do Curso Extensivo 2012
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